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A péssima nutrição ameaça o mundo

AlimentosNESTE mundo de paradoxos, ao passo que a fome domina de um lado, sua pior antítese progride pelo outro. E de ambos os flagelos nasce uma preocupante conclusão: a humanidade se enfrenta a uma situação nutricional grave.

«Cerca de dois bilhões de pessoas carecem de micronutrientes chaves, como ferro e vitamina A; 52 milhões de crianças padecem emaciação (perda involuntária que ultrapassa 10% do peso corporal)… Em 88% dos países existe uma carga pesada, que se percebe através de duas ou três formas de desnutrição (atraso do crescimento na infância, anemia nas mulheres na idade reprodutiva ou sobrepeso nas mulheres adultas), e os progressos respeito às metas mundiais de nutrição evoluem devagar», assinalou o relatório sobre a Nutrição Mundial, de 2017.

Se os dados não fossem totalmente claros, basta saber que no mundo uma em cada três pessoas é desnutrida.

A obesidade mata, anualmente, tantas pessoas quanto a fome, pois mais de 2,6 milhões destas, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), morrem devido à epidemia; definida como o excesso de gordura corporal, devido a um desequilíbrio energético ocasionado por uma alta ingestão de energia superposta, com baixas despesas.

A representante do Programa Mundial de Alimentos em Cuba, Laura Melo, PMA — agência que comemora seus 55 anos de cooperação com nosso país — disse ao semanário Granma Internacional que, segundo o relatório, Cuba se coloca entre as nações de maior acesso a cobertura e execução para fortalecer a nutrição materna e infantil. «É conhecido, não obstante, que a anemia por carência de ferro, o sobrepeso e a obesidade são preocupações e prioridades na agenda do Estado».

«Este tema tem muito a ver com os hábitos alimentares, por isso a importância da educação nutricional, o tipo de alimentos que consumimos, não se trata só de acesso aos alimentos, mas também de diversificar nosso regime».

O que preferem comer as pessoas? Um simples olhar tira as dúvidas do perigo que representam os alimentos processados, que geraram a epidemia mundial da obesidade. Disso se encontram suficientes indicadores em Cuba, caso levarmos em conta que, segundo os resultados da 3ª Sondagem Nacional de Fatores de Risco, realizada em 2010, ultrapassa-se 40,4 % na população cubana maior de 15 anos que não faz atividade física suficiente, e a obesidade em sua forma, que inclui sobrepeso, representa 43,8 %, com os hábitos não saudáveis de alimentação entre suas condicionantes.

AÇÚCAR NO REGIME: PÉSSIMA COMPANHIA

«O consumo elevado de açúcar é associado a diversas patologias, como o sobrepeso, a obesidade, as alterações hepáticas, as desordens do comportamento, a diabetes, hiperlipemia, doenças cardiovasculares, vários tipos de câncer e cáries dentais, entre outras doenças», alerta, por seu lado, o Boletim Bibliográfico da Biblioteca Nacional de Saúde, em seu 10º número, no volume de 24 de outubro de 2017.

«No texto, a OMS alega que a ingestão de açúcar livre, entre eles os conteúdos em produtos como as bebidas adoçadas, constitui atualmente um dos principais fatores que dá pé a um incremento da obesidade e a diabetes no mundo», expressa.

Nesse sentido, vale esclarecer que as fontes principais de açúcar adicionado — aquele que os fabricantes acrescentam nos alimentos ou bebidas, durante seu processo ou preparação — incluem refrigerantes, gasosas, bolos, bolachas, sucos de fruta açucarados, doces à base de lacticínios, chocolates e outros produtos.

«A OMS recomenda para adultos e crianças diminuir o consumo de açúcar livre, para menos de 10% da ingestão calórica total, se bem que para obter maiores benefícios se recomenda idealmente diminuir seu consumo abaixo de 5% da ingestão calórica total, isso proporcionaria benefícios adicionais à saúde», acrescenta a publicação.

Igualmente, sublinha, a Organização Pan-americana da Saúde (OPAS) apela a adotar medidas, como a restrição do comércio de produtos alimentares e bebidas processadas para as crianças, o incremento dos custos destes alimentos mediante impostos, o aumento da produção e acesso a alimentos frescos saudáveis, bem como a formulação de novas diretrizes para os programas alimentares escolares e pré-escolares.

«Nos hábitos e atitudes dietéticas do cubano se conta o consumo em excesso de alimentos ricos em açúcar refinado e reiteradamente misturado com gorduras», assinalou o texto.

Segundo estudos realizados em nosso país, entre os fatores de risco mais importantes para o aparecimento da diabetes se encontra o sedentarismo e a obesidade, referido anteriormente por especialistas em nossa página `Tudo Saúde´. A 3ª Sondagem Nacional de Fatores de Risco de 2010, determinou que se atingia 61% no país quanto à prevalência de diabéticos conhecidos; no entanto, segundo dados de 2015 padece diabetes 5,7 % da população, mostrando que ainda existe um subregistro da doença e um grupo de pessoas que não sabe que são diabéticas.

Igualmente, as estatísticas sanitárias oficiais mostram que mais 25% da população maior de 14 anos é hipertensa conhecida, e se estima que depois dos 50 anos, cerca de 50% pode padecer isso.

O fator comum de todas estas doenças: o regime. Ocupar-se de prevenir a partir das idades mais precoces, incentivar os estilos de vida sadios e a prática do exercício físico, bem como políticas públicas que tornem visíveis estes elementos, é o modo mais efetivo de enfrentar esta epidemia crescente.

(Granma)

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