Uma cifra recorde de 38 milhões de pessoas encontram-se deslocadas de seus lares pela violência em diversas partes do mundo, segundo um relatório apresentado hoje na sede de Nações Unidas em Genebra.
O estudo do Observatório de Deslocação Interna (IDMC) reflete que no ano passado, 30 mil seres humanos abandonaram suas casas diariamente ante o auge dos conflitos e as crises humanitárias vinculadas aos mesmos.
A quantidade de pessoas nessa dramática situação equivale ao total dos habitantes de populosas cidades como Londres, Nova York e Pequim, um palco que reflete a urgência de deter as hostilidades no planeta e de abrir espaços para a solução pacífica das diferenças.
“Trata-se das piores cifras de deslocamentos forçadas em uma geração, o que deixa evidente nosso fracasso absoluto para proteger civis inocentes”, advertiu Jan Egeland, secretário geral do Conselho Norueguês para Refugiados, que inclui o IDMC.
De acordo com o reporte 2015, tão só no ano passado se incorporaram 11 milhões de pessoas à lamentável estatística, alimentada por conflitos como os da Síria, Ucrânia, Iraque, República Centroafricana, Sudão do Sur, Iêmen, Líbia e a República Democrática do Congo.
Para Egeland, os gerenciamentos diplomáticos, as resoluções da ONU, os acordos de cessar-fogo e as conversas de paz têm perdido a batalha contra homens armados sem piedade, motivados por interesses políticos e religiosos.
Este relatório deveria ser considerado um tremendo sinal de alarme, que possibilitasse romper a tendência marcada por milhões de seres humanos, entre eles muitas crianças, aprisionadas em zonas de conflito, sublinhou.
Por sua vez, o alto comissário adjunto das Nações Unidas para os Refugiados, Volker Turk, disse a propósito do reporte apresentado em Genebra, que os confrontos impõem a desesperança e disparam o fluxo humano.
Muitas das pessoas nesta situação cruzarão fronteiras e se converterão em refugiados, além de arriscar suas vidas por escapar da violência, afirmou.
Turk recordou a tragédia que nos últimos meses vive o Mediterrâneo, cujas águas se converteram em um cemitério para milhares de seres humanos que tentam chegar à costa européia, procedentes de crises armadas e da pobreza em estados africanos e asiáticos.
“A solução mais evidente consiste em um esforço supremo para propiciar a paz nos países devastados pela guerra”, sentenciou.