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Pátria ou Morte

Cartel patriaJosé Martí foi traído. Não há tempo para se intimidar por aqueles que procuram pisotear nosso país com uma música. Quanto esquecimento existe no adeus? Quanto ódio cabe nas artérias de Miami? Aqueles que nos esquecem, esquecem os jovens que cantaram com eles, esquecem seu povo, esquecem sua pátria, esquecem José Martí. Os que cantam o fazem como se Cuba não lhes tivesse dado nada, como se tivessem se tornado artistas em Júpiter, como se não lembrassem onde cresceram e quem os abraçou pela primeira vez, como se respeitar as nossas deficiências fosse não um dever, como se o oportunismo pudesse tirar tão rapidamente a gratidão de ser cubano; como se viver nestas ruas, como se cavar no nosso sulco, como se comer do nosso próprio prato, não fosse orgulho.

Martí era um independentista. Que ninguém se esqueça disso. Martí morreu por nós porque odiava o jugo espanhol e conhecia o monstro do Norte. É por isso que ele o chamou de Golias e queria ser Davi. Sua morte foi a maneira mais digna de viver. A pátria o viu morrer e abriu suas entranhas para recebê-lo. Martí nunca cedeu suas terras aos interesses de outro governo. Ele nunca foi um anexacionista. Ele nunca foi um traidor. Ele nunca escreveu contra sua pátria ou fez qualquer discurso contra seu povo. Ele não permitiu que ninguém o manipulasse porque era um homem de ferro e luzes. E quando teve que encarar Zambrana, com a testa mais franzida que Nova York já viu, ele o fez. É por isso que peço que você levante sua voz hoje. Faça isso por Martí.

Aquela música carregada de ódio que tenta zombar de tudo o que somos, de tudo aquilo que demos para sermos livres, do que foi derramado neste chão; aquela música que tenta mudar Cuba por um milhão de visualizações no YouTube, que tenta negociar nosso prestígio pelos likes; aquela canção de seis zumbis hipnotizados pelo boom e pelo mercado, de seis tipos presos à hegemonia e ao egoísmo, de seis ratazanas que não sabem que a este povo, tal como Martí, não lhe falta dignidade; Essa música escusa e covarde não me representa. Seu ódio não me representa. Sua letra nojenta não me representa. Gente de Zona não me representa. Martí é que me representa. Descemer Bueno não me representa. Che Guevara me representa. Maykel Osorbo não me representa. Silvio me representa. Funky não me representa. Israel Rojas me representa. Yotuel não me representa. Fidel Castro me representa.

No dia em que foi decidido aqui gritar Pátria ou Morte, não estávamos brincando de soldadinhos. Estávamos mudando infernos, estávamos fundando um povo. José Martí também gritou «Independência ou Morte» porque sabia que não havia outra maneira de salvar o país. No dia em que aqui foi decidido gritar Pátria ou Morte, não houve tentativa de impor uma doutrina, mas sim se prestava respeito àqueles que morreram para alcançar a independência. No dia em que Fidel gritou Patria o Muerte, todo o país chorava porque cem irmãos nos mataram na explosão e 400 ficaram feridos. A CIA os matou. O ódio os matou. Para que vocês conheçam bem. Gritamos pelos 34 desaparecidos daquela explosão, pelas dezenas de homens inválidos para o resto da vida, pelas viúvas, pelos órfãos, pelas mães que queriam desaparecer. E tinha que ser Pátria ou Morte em Girón quando eles vieram nos invadir e nos matar. E teve que ser Pátria ou Morte no Escambray quando famílias inteiras foram mortas a tiros. E teve que ser Pátria ou Morte quando um avião com 73 cubanos deixando Barbados caiu ao mar. Pátria ou Morte é nossa única verdade, nossa declaração, nossa denúncia, nosso grito, nosso veredicto e também será nosso epitáfio.

De que pátria e de que vida vocês estão falando, quando idolatram o ódio de outro governo contra seu país? Qual é o dominó bloqueado? Quem trancou o dominó? De que país e de que vida vocês estão falando, que não cantam contra um bloqueio que vai acabando com a vida dos cubanos? De que «sangue por pensar diferente» vocês estão falando? Onde é isso? Onde ficou a bússola, onde vocês se perderam, quando mudaram? De que pátria e de que vida vocês estão falando, se Maykel Osorbo recentemente pediu uma intervenção militar? É essa a pátria que eles querem? Invadida? De que pátria vocês estão falando, se cantam contra ela de outra fronteira? De que vida estão falando, se ofenderam nossos mortos mais sagrados? De que pátria e de que vida vocês estão falando, se a vida neste país não foi respeitada até o triunfo da Revolução?

Deixem a história agora, que esta é e será Pátria ou Morte, porque respeitamos aqueles que nos deram sonhos e liberdade. «Não é uma frase numantina ou suicida, mas uma disposição impenitente de entregar tudo». É Pátria ou Morte, porque somente com essa determinação fomos livres. Livres, como pensamento imprevisível. É Pátria ou Morte porque este país não pode morrer novamente. Há lágrimas que ainda correm pelo rosto e feridas que ainda queimam na pele. É Pátria ou Morte porque quem se levanta hoje com Cuba se levanta para sempre. É Pátria ou Morte porque o coração nos sangra.

A única maneira de ficarmos seguros, a única maneira de resistir ao ataque dos ventos do Norte, a única maneira de ser o farol deste continente afundando, a única maneira de não ser os cães de uma ideologia opressora, a única maneira de continuar construindo um país melhor: criticando o mal feito e avançando, a única forma de uma criança pobre da montanha se profissionalizar, a única forma de ter nossas escolas, nossos hospitais, nossos parques; nossa arte, gratuita, crítica e genuína; A única forma de as nossas vidas serem respeitadas, a única forma de acordarmos felizes todos os dias, com um solo imperfeito mas nosso, é acreditar, é dizer, todos os dias, Pátria ou Morte!

(Tirado de Granma)

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