A cerimônia, além de não contar com o auxílio do presidente cessante, o que não acontecia desde 1869, será muito limitada em termos de participantes, devido à pandemia e às ameaças e atos violentos dos últimos dias, instigados por Trump
A posse de Joe Biden como presidente dos Estados Unidos ocorrerá hoje, 20 de janeiro, em meio à implantação de um dispositivo de segurança nunca antes visto. Mais de 25 mil soldados garantirão a tranquilidade e a ordem no dia da posse, após o assalto ao Congresso motivado pela retórica inflamada de Donald Trump.
A cerimónia, além de não contar com a presença do presidente cessante, o que não acontecia desde 1869 naquele país, será muito limitada em termos de participantes, devido à pandemia e às ameaças e violências dos últimos dias, incitadas por Trump. Das 200.000 pessoas convidadas, em geral, para este tipo de cerimônia, desta vez cerca de mil comparecerão, entre deputados do Congresso, ex-presidentes e dignitários.
Nesta quarta-feira, 20, Trump viaja para a Flórida, onde pretende fixar residência permanente em uma de suas grandes propriedades, o resort Mar-a-Lago, em Palm Beach.
Trump sabe que foi derrotado – embora não quisesse aceitá-lo publicamente – não apenas nas eleições de 3 de novembro, mas também em todos os litígios legais e ilegais que articulou na ânsia de reverter os votos, em sua maioria a favor do vencedor, Joe Biden, e tornar realidade seus esforços para declarar a fraude uma realidade onde não houve nenhuma.
Sua credibilidade no governo e até no seio do Partido Republicano também foi derrotada, onde ocorreram deserções e há quem o acuse por tudo o que fez. Um grande revés, o da ética, atingiu o magnata do presidente, por ignorar uma pandemia cujas consequências devastadoras se manifestam nos quase 24 milhões de infectados e quase 400.000 mortes.
Ele deixa seu país mais isolado do que nunca e desacreditado internacionalmente, com suas decisões arbitrárias de descartar acordos internacionais de extraordinário valor, tanto sobre mudanças climáticas quanto sobre controle de armas, ou uma de suas últimas aberrações: a de tirar os Estados Unidos da OMS em meio da pandemia.
Além do rosário de ações lamentáveis, subsistem males como a oposição ao multiculturalismo, a criminalização dos imigrantes, a naturalização das notícias falsas e outras formas de manipulação da mídia, o silêncio diante das formas de neofascismo, a extensão e fortalecimento da Doutrina Monroe, as políticas de estrangulamento econômico e cultural para qualquer governo considerado «inimigo».
No caso de Cuba, conforme afirmou o chanceler Bruno Rodríguez Parrilla, o governo Trump atacou nosso povo com crueldade e com o apoio de uma feroz campanha de difamação. No entanto, «240 medidas de hostilidade falharam na tentativa de subjugar os cubanos», disse o também membro do Bureau Político do Partido Comunista.
Diante de uma nova administração do país que mais tem feito para fazer render à Revolução, a Ilha maior das Antilhas, sem expectativas ingênuas, e colocando na frente a posição inflexível de que princípios não são negociados, acredita na possibilidade de um relacionamento bilateral construtivo e respeitoso das diferenças.
(Tirado de Granma)