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Cuba confia em seus estudantes universitários para progredir

canel tecnologia«A experiência de vocês (…); É como o ‘’realismo mágico” de Alejo Carpentier, que nos parece tão cotidiano que não nos damos conta da grandeza do que fazemos todos os dias», disse o presidente da República Miguel Díaz-Canel, aos universitários da CUJAE

O presidente disse que se se promover a interconexão governo-setor do conhecimento-setor empresarial, buscando ciência e inovação, «vamos impactar muito e vamos transformar muito, e vamos chegar mais rápido à prosperidade que temos como visão de nação».

Há uma realidade em Cuba que merece ser contada antes de qualquer pesar: é o que nossos jovens construíram durante quase todo o ano de 2020; é aquela que estiveram protagonizando os estudantes universitários, que nos últimos meses conseguiram endireitar, com entusiasmo e heroísmo, muitos males de um cenário ao qual ninguém contesta a sua complexidade e dureza.

Diante da evidência de muitas histórias contadas nas vozes dos próprios atores, o presidente da República, Miguel Díaz-Canel Bermúdez, expressou na quarta-feira, 6 de janeiro, aos alunos e professores da Universidade Tecnológica de Havana José Antonio Echeverría, (Cujae): «A experiência de vocês (…); é como o “realismo mágico” de Alejo Carpentier, que nos parece tão cotidiano que não nos damos conta da grandeza do que fazemos todos os dias. Tão só suportar o bloqueio todos os dias (…) é demais. A gente tem que compartilhar essas coisas, (…) saber colocar na rede; temos que visualizá-lo».

O que se ouviu em uma reunião que teve a linguagem da audácia, sinceridade e compromisso com Cuba, foi sobre o que foi feito por alunos e professores da Cujae não só no confronto com a Covid-19, mas também em apoio a outras questões de humanidade inadiável como a presença no Sistema de Atenção à Família (SAF) – importante para as pessoas vulneráveis ​​– ou o auxílio na otimização do uso da energia elétrica, ou o enfrentamento à indisciplina social.

Nos primeiros momentos do intercâmbio, que decorreu no Complexo Tecnológico Integrado (CITI), e que contou com autoridades do Partido e do Governo da capital, além de professores e representantes de todas as faculdades, Danhiz Díaz Pereira, secretário-geral da UJC da CUJAE, disse que todos podem ser considerados membros regulares daquela grande família, incluindo o presidente da República, a quem o jovem agradeceu a sua presença.

Danhiz listou tarefas que aqueles que pertencem àquela casa universitária realizaram «neste tempo de combate de todo o povo». Tratava-se, no seu entender, de um combate da Revolução: enquanto no centro dos estudos superiores um grupo de operários se esforçava pela preparação de espaços de isolamento sanitário em meio da Covid-19, muitos universitários partiam para os municípios a fim de ajudar o país.

Andrés Carvajal, presidente da Federação dos Estudantes Universitários (FEU) da Cujae, aludiu ao encontro como «prova direta de que o diálogo tem sido mais do que constante», no âmbito dos trabalhos do Governo, da Revolução e do projeto que se constrói todos os dias.

Ainda ninguém suspeitou do tom proposital e emocional que a reunião teria. Carvajal contou, por exemplo, como os intercâmbios da universidade com os conselhos provinciais e municipais de defesa evidenciaram necessidades como o atendimento a idosos. «Partimos para 12 municípios, com as autoridades de lá, com os CDRs, com a FMC; há muitos exemplos de jovens (ajudando) durante meses», lembrou. E esse foi o preâmbulo dos testemunhos que deixaram clara, como tantas vezes, a certeza de que a resistência cubana repousa sobre uma humanidade chocante, sobre a possibilidade de prolongar-se graças, sobretudo, à coragem de nossos jovens.

«Temos de mostrar que mudança queremos», disse Carvajal. «A mudança que queremos tem um rumo e é isso que queremos das organizações: temos que influenciar mais, temos que poder ser agentes de mudança (…) e temos o desafio (…) de visualizar as lutas do dia a dia, as lutas que lutamos para ter mais oportunidades, para resolver problemas que os alunos têm».

AS VOZES DAQUELES QUE MUDARAM REALIDADES

O professor Alejandro López Llanusa disse ter trabalhado em centros de isolamento com jovens «maravilhosos», aos quais pediu que escrevessem, a partir de suas respectivas especialidades, o quanto poderia ser feito para melhorar o uso da logística hospitalar. Nascia assim um grupo interativo para atuar na manutenção de uma instituição de saúde, e esse foi o início de uma experiência de vínculo hospital-universidade, cujos resultados poderiam, conforme sugerido pelo chefe do Estado, ser expandidos para todo um sistema.

Vários alunos contaram suas experiências na SAF. Foram sinceros com as divergências, com soluções que poderiam ser aplicadas para que muitos de nossos idosos sejam mais bem cuidados. E em todos os depoimentos prevaleceu a ideia de que quem sente por Cuba deve sentir dentro de si a preocupação de melhorá-la.

Os universitários participaram das reuniões dos Conselhos de Defesa dos territórios aos quais chegaram, conseguiram aplicar algoritmos aos blocos populacionais, puderam saber como eram distribuídos os produtos de alta demanda, estiveram em hospitais pediátricos. Uma menina contou como viveu a dor das avós e mães que acompanhavam seus filhos ou netos durante as internações…

Este exército de jovens demonstrou que as ciências exatas são muito necessárias para viver e que, tal como Díaz-Canel refletiu durante o intercâmbio, o Comércio Eletrônico é um caminho que devemos aprender a percorrer com maior habilidade, eficiência e eficácia.

Com um mundo de conhecimento foram lá os meninos: alguns estavam imersos na medição do uso de energia elétrica, outros sabiam há muito que a luz solar é um recurso útil em vários projetos residenciais. Assim disse um engenheiro elétrico: «A Universidade pode resolver muita coisa para o país».

Yanet Rodríguez Acosta, professora de Engenharia Industrial, contou como chegaram a resolver cadeiras de rodas para pessoas carentes, e fez alusão ao essencial controle popular, no qual os universitários eram os protagonistas enquanto estiveram «envolvidos» nos problemas da sociedade.

Falaram sobre como existem ajudas de grande valor, mas que não têm preço. Miguel González Arzuaga, 21 anos e estudante de Engenharia Industrial, esteve em San Miguel del Padrón, onde ajudou os idosos, conheceu os centros de isolamento. Mais de uma pessoa perguntou se ele foi pago para isso. Mas ele estava lá por convicção e porque um «obrigado» fazia sentido para tudo.

Daniel Treto López acrescentou sua voz para dizer que o Governo do país tem sido «franco e simples» na gestão da informação, e que chega ao nosso povo «com a gestão da sinceridade». Propôs que pensem neles, os estudantes universitários, para enfrentar desde a inteligência qualquer desafio da hora atual.

PALAVRAS DE GRATIDÃO E CONFIANÇA

O presidente cubano falou aos anfitriões da Cujae sobre sua maturidade, o espírito de compromisso, a maneira despreocupada, mas também o compromisso de que enfrentaram um conjunto de problemas em cenários complexos. «Todas essas ideias que vocês expressaram as compartilharemos com os companheiros do Partido e do Governo», disse o presidente, que levantou duas premissas vitais: a preocupação revolucionária e a sensibilidade para os problemas da população.

O chefe do Estado destacou a necessidade de se preocupar com o que não está certo, e também de cuidar, de ver como vamos participar, de apoiar, de poder transformar, de poder propor e de ver como podemos crescer no caminho das soluções.

2020 foi um ano muito difícil, pensou Díaz-Canel, mas não temos que nos arrepender, frisou, porque também foi um período de «tremendo aprendizado», de oportunidades de crescer, de provar em que linha somos e quão forte é a Revolução.

Ele não esqueceu que o mundo ficou chocado com a pandemia, mas que o novo coronavírus chegou à Ilha quando ela enfrentava uma situação muito mais complexa, com a aplicação do Título III da Lei de Hemls-Burton, com o aumento da perseguição financeira por parte do império, e de uma pressão extraordinária por causa desse cerco. O império, denunciou o presidente, agiu contra Cuba com «tremenda crueldade» em meio à pandemia.

O país, apesar de tudo, já conta com três protótipos de ventiladores pulmonares, quatro candidatos de vacinas, mais de 460 pesquisas e uma longa lista de conquistas apesar de todas as adversidades. Isso, afirmou, nos deu aprendizado e potencial para enfrentar qualquer outro problema.

Sobre o valor das casas de estudos superiores, Díaz-Canel afirmou: «Temos um setor do conhecimento forte que está nas nossas universidades, onde se gera mais inovação; queremos um setor produtivo inovador». E a seguir aludiu à importância de se conseguir uma boa interligação entre o setor do conhecimento e aquele sistema produtivo e de serviços de que precisamos para ser inovadores. «Essa interligação deve ser fertilizada», destacou.

O presidente compartilhou sua certeza de que se for promovida a interconexão Governo-setor do conhecimento-setor empresarial, tudo dependendo do país, e em busca de ciência e inovação, «vamos impactar muito e vamos transformar muito, e vamos chegar lá mais rápido para a prosperidade do que temos como visão de uma nação. Claro, como ele lembrou, «temos que trabalhar duro para isso, vocês têm que ser muito consistentes».

Não podemos perder um segundo, sublinhou, em partir de nós próprios a procura do ponto de viragem para a mudança e rumo à desejada prosperidade. «Já temos uma grande obra social, mas para ter justiça social é preciso ter uma economia que a apoie. Essa é a luta deste ano», disse o presidente aos alunos. «Temos de fazer melhor em 2021 nós próprios, com os nossos próprios esforços», sublinhou.

Sobre a harmonia entre as lideranças do país e o que pensam os estudantes, disse: «Gostamos da cultura do detalhe, que haja beleza, que haja eficiência, que não haja burocracia, que não haja corrupção, que não haja trapalhada, que tudo funcione e com qualidade, (…) essa é uma grande batalha e temos que lutar, e da qual não nos cansamos».

Da cultura do diálogo, de como sabemos fazer concessões entre todos, da tríade inovação-informatização da sociedade e comunicação, falou também o presidente. «Temos um grande compromisso com vocês – afirmou – de que juntos possamos continuar a melhorar o país, que juntos possamos continuar defendendo a Revolução. (…) Em nome de todos os companheiros do Partido e do Governo, quero dizer-lhes que estamos gratos por este encontro e que nos veremos em futuras reuniões para continuar a contribuir com ideias».

(Tirado de Granma)

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