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Tamayo

TamayoNo emprego do tempo que deixou correr em raudal infinito, viu se afastar tudo aquilo que de flor teve o quintal até o mais recôndito bocejo.

Ele, negro cubano, flutuando, cruzou o limiar que separa a realidade dos sonhos, para vasculhar em recantos, curou quebrantos, teve seus momentos e ficou confiante nesse credo, que é amar o próximo tal como a própria gente e lutar por isso.

Ele, negro, flutuando, lembrou-se de Guantánamo, viu-se criança vendendo frutas, limpando sapatos, e no lugar mais solitário de todos se sentiu acompanhado.

Abraçou o irmão, repetiu o gesto, abriu os braços e abraçou o mundo, tal como lhe tinham encomendado.

E se sentiu calmo depois de ter cumprido essa encomenda.

Ele, negro, cubano, flutuando, sentiu os relógios caminharem mais devagar, tornou-se mais jovem enquanto durou a viagem.

Como o tempo não lhe pertencia, recusou-se a ter descanso.

Pensou naqueles que continuavam insones.

Passaram dias como minutos e ele disse: vejam que tudo é tão estranho!

Enquanto andava dando voltas sem sentir seu peso, perguntou se haveria retorno, se na alegria do retorno iria recuperando o ritmo normal das coisas cotidianas: foi um engano!

Ele, negro, cubano, flutuando, agora no cosmos com um coração nosso para todos os humanos.

Bailando uma dança que nunca tinha sido vista tão alta.

Ele negro, cubano, flutuando, depois de vasculhar em tantos recantos e vê-la como ninguém a tinha visto, lá embaixo, silenciosa, tranquila, navegando.

Como saindo do sopor, disse: já tenho que retornar, tenho que contar a todos que continuamos andando.

(Fonte: Granma)

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