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Luz de esperança nas nove escolas cubanas de atendimento integral ao autismo

niños educacionO mundo hermético e cheio de enigmas das crianças que padecem transtornos do espectro autista recebe cada dia uma luz de esperança, graças à alta dose de amor, afeição e entrega dos coletivos de trabalhadores dos nove centros educativos que no país estão especializados em seu atendimento integral.

A essas funções está dedicada, nesta cidade patrimonial, a escola “Héroes del Moncada”, apadrinhada pelo Gabinete do Historiador da Cidade de Camaguey, entidade que assumi a reabilitação integral do prédio e mantém estreitos nexos com os garotos, através de uma ampla rede de instituições culturais.

Há já quatro anos, a escola ocupa uma velha casa senhorial, situada nas proximidades da Praça Agramonte, na qual foram criadas as condições e o ambiente propícios para cumprir todos os requisitos que exige o processo docente-educativo e psicopedagógico, neste tipo de ensino especial.

A escola é a única do seu tipo na província, tem caráter regional, e conta com uma matrícula atual de 24 crianças (21 garotos e três meninas) as quais são atendidas de maneira esmerada por 40 trabalhadores, entre professores, especialistas, assistentes pedagógicas e pessoal não docente.

Em meio da dor que significa ter um filho com esse transtorno do desenvolvimento neurológico, os primeiros a agradecer tanta delicadeza e consagração são os próprios pais das crianças, pois são testemunhas cotidianas de um trabalho árduo, que exige entrega sem limites de carinho e de paciência, unido a uma elevada qualificação profissional.

EM SINTONIA COM AS NECESSIDADES DOS ALUNOS

O projeto de reparação total da escola “Héroes del Moncada”, foi executado em três etapas e incluiu, entre outros locais, a recepção, sete salas de aulas, cozinha-refeitório, sala de computadores, biblioteca, local da enfermeira, banheiros, departamentos docentes e oficina de educação doméstica e artesanato.

«Devido a que era uma casa antiga», explica a diretora da escola, Yudelis Pérez Carlos, «foi necessário redistribuir o espaço físico, dar-lhe melhores condições de iluminação e ventilação e, inclusive, foram concebidas áreas de terapias alternativas, para pôr tudo em sintonia com as necessidades particulares dos alunos». Basta fazer um rápido percurso pela instituição para apreciar o bom gosto na concepção do design de cada uma das aulas, com espelhos para o trabalho logopédico e de identificadores com as fotos dos professores, auxiliares e dos próprios alunos, uma maneira de orientação das crianças dentro do centro.

A diretora explica que mediante a materialização de projetos de colaboração internacional esperam adquirir, além do mais, equipamento especializado de apoio ao diagnóstico, o qual trará melhoria na qualidade de vida das crianças e sua preparação posterior para a existência adulta independente.

«Hoje», comenta Yudelis Pérez Carlos, «desfrutamos de uma escola bela e funcional, fruto do empenho e da perseverança dos trabalhadores do Gabinete do Historiador, os quais puseram inteligência e coração em uma obra cheia de amor, que os enobrece e os enaltece aos olhos da sociedade».

O DIAGNÓSTICO PRECOCE É VITAL

Preocupados perante certas manifestações de seus filhos, que poderiam constituir sinais de autismo, alguns pais se aproximam da escola, procurando alguma informação: o primeiro passo é avaliar o caso no centro de diagnóstico e orientação (CDO), e depois frequentar a consulta multidisciplinar, que é a que determina como se deve agir.

«A prática demonstra», afirma a diretora, «que começar o tratamento a partir de idades precoces, juntamente com a aplicação de modelos de inclusão educativa, constituem o melhor caminho para a inserção das crianças no cenário social; daí que seja vital a realização de um diagnóstico precoce».

A correta conjunção de ambos os fatores contribui para a mais rápida socialização das crianças com pessoas desconhecidas em locais abertos, para o qual são habituais os passeios pela cidade, visitas aos museus, a participação em atividades culturais e a prática da equídeoterapia e a zooterapia.

Algo também importante é o vínculo quase diário com os pais, atentos sempre a quanto avançam seus filhos no aprendizado e na aquisição de competências, complementando tudo isso nos lares através de exercícios e tarefas que lhes são orientadas, como continuidade do trabalho educativo da escola.

«A partir das necessidades e carências que possam ter as famílias», precisa Yudelis Pérez Carlos, «cada mês são realizados, além disso, encontros de preparação, dos quais participam especialistas em neurologia, psicologia ou psiquiatria infantil, a fim de oferecer novos conhecimentos e esclarecer qualquer dúvida sobre o tratamento às crianças».

ESTIMULAR A COMUNICAÇÃO E A CONVIVÊNCIA

Quase 40 anos de experiência tem a professora Daidé Alejo Oquendo, boa parte dos quais os dedicou ao ensinoespecial, «um trabalho», garante, «que exige pôr em prática competências, estratégias e respostas educativas que encaminhem a criança autista rumo a um melhor desenvolvimento e evolução».

«Para enfrentar este trabalho», reconhece, «é preciso ter muita paciência e amor por aquilo que se faz, ser muito flexíveis, tentar chegar ao que elas desejam sem lhes impor nada, mas sim somar-nos a elas, a partir de suas inquietações e necessidades, e intencionar o objetivo previsto mediante um atendimento personalizado».

Ela é a responsável pela oficina de economia doméstica, um dos locais chaves na preparação das crianças autistas para a vida, por onde todas devem passar: ali são ensinadas a arrumar a cama, vestir as roupas, a higiene, e também a preparar uma salada, lavar a louça, varrer ou tirar a poeira dos móveis de um local.

«O propósito», acrescenta a professora, «é contribuir a quebrar o isolamento em que elas estão sumidas, melhorar a expressão verbal e não verbal, favorecer o seu relacionamento social e estimular, no possível, a comunicação e a convivência, dois dos problemas fundamentais que as afetam, em sentido geral».

Essa também será a motivação principal do coletivo da escola “Héroes del Moncada” para comemorar, em 2 de abril do ano próximo, junto à sociedade toda, o Dia Mundial de Conscientização sobre o Autismo, outro instante de reflexão e de alerta acerca de um transtorno que requer, em seu tratamento, uma boa cota de ternura.

PRECISÕES

● No país funcionam 435 escolas especais, com uma matrícula total de 33.639 crianças e adolescentes, dos quais 443 alunos (199 meninas e 244 meninos) apresentam transtornos do espectro autista.

● No país existem nove escolas especiais para atender integralmente a este padecimento: Havana (4), Pinar del Río (1), Holguín (1), Santiago de Cuba (1), Cienfuegos (1) e Camaguey (1).

● Estas crianças e adolescentes não só recebem este atendimento nas instituições desta especialidade, mas sim em centros específicos para o transtorno da comunicação, o de incapacidade intelectual, e no sistema geral de educação, onde lhes é oferecido um cuidado integral.

● São 256 os alunos que estão sendo atendidos no sistema geral de ensino, onde recebem um atendimento integral inclusivo.

● Este transtorno, que costuma dar-se preferentemente em garotos do que em meninas, é definido como a incapacidade para estabelecer contato habitual com as pessoas. Aqueles que a padecem têm dificuldades para falar, não olham aos olhos, não brincam com outras crianças, torna-se difícil controlarem suas emoções, não suportam as mudanças de rotina, são distraídas, têm movimentos repetitivos com as mãos ou a cabeça, mexem constantemente seus corpos, fazem atividades físicas fixas e são rotineiros.

(Fonte: Mined)

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