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Cubanas do século 21

raul-vilma-fidel--2SOMOS cubanas do século 21 e como diz uma frase que li há algum tempo, colocamos os sonhos e começamos a andar. Não somos muito diferentes daquelas que nos antecederam, é uma característica que perdurou no tempo que fez com que alcançássemos, senão tudo, quase tudo o que conseguimos no país.

Desde a guerra revolucionária, na luta clandestina e na Serra Maestra, as mulheres demonstraram sua coragem, inteligência e, sobretudo, os desejos de alcançar tudo o que se propuserem. Por isso, nesta nação há quase 60 anos é um direito o aborto legal, seguro e gratuito. Fomos o primeiro país de América Hispânica em promulgar a lei de divórcio. Desde o ensino primário se recebem aulas de educação sexual, fala-se em todos os espaços de igualdade de gênero e luta-se contra a violência às mulheres e às meninas.

Conseguimos tudo, poderíamos dizer que somos um país de avançada quando falamos das conquistas das mulheres. Contudo, isso não significa que tenhamos terminado. Como diz a frase, colocamos os sonhos no horizonte, esse ao qual não se chega porque nunca deixamos de sonhar.

A FEDERAÇÃO DAS MULHERES CUBANAS

Ser revolucionário vai além do simples conceito de defender a Pátria. Envolve mudar, romper padrões e transformar. Vilma Espín é, sem dúvidas, uma das mulheres mais revolucionárias que existiram em Cuba. Não lutou apenas pela independência e a liberdade de seu país, mas defendeu durante toda sua vida os direitos da mulher.

Fez isso com a palavra, mas também com a ação. Em 23 de agosto de 1960, foi criada no país a Federação das Mulheres Cubanas (FMC), uma organização da qual foi presidenta até sua morte no ano 2007 e na qual, desde seus inícios, advogou-se pela incorporação da mulher à sociedade e ao emprego, bem como ao programa de mudanças sociais e econômicas que se desenvolviam no país.

Hoje, chegando a seu 58º aniversário, a FMC tem ao redor de quatro milhões de afiliados e desenvolve atividades em todo o país para ajudar as famílias. Nas Casas de Orientação à Mulher e à Família, espaços criados por esta Federação, são desenvolvidos trabalhos educativos e preventivos para garantir que tanto as mulheres, quanto as crianças, idosos e homens, recebam atendimento a seus conflitos, sejam temas relacionados à violência, assistência em termos jurídicos, dinâmica familiar e outros.

Nestas instituições são ministrados também cursos, capacitação e adestramento que permitem às donas de casa sua incorporação à vida social. Como parte de suas funções, a organização visita as comunidades, os hospitais maternos e os centros de ensino para se ocupar também da sexualidade responsável e da maternidade precoce. De igual maneira, interessam-se pelo enfrentamento às indisciplinas sociais, detecção de tráfico e consumo de droga, bem como de casos de prostituição.

Outra ação de benefício social da FMC é o programa Eduque seu filho. Focado no atendimento às crianças que desde os dois e até os cinco anos não assistem às Creches por diversas causas, o programa garante a preparação para a vida escolar destes menores.

Para todas estas ações, a organização tem trabalhadoras sociais que garantem a participação das mães e da família nas atividades, os cursos e todos os espaços onde se trabalha por uma maior e melhor incorporação da mulher à sociedade.

O QUE SE CONSEGUIU

Há quem não goste dos números, mas muitas vezes estes dão uma dimensão de todo o trabalho realizado de maneira isolada, mas constante quando se trata de visibilizar resultados. Em Cuba, as mulheres representam 48% dos trabalhadores no setor estatal.

Segundo destaca a secretária-geral da Federação das Mulheres Cubanas (FMC) e membro do Bureau Político do Partido Comunista de Cuba, Teresa Amarelle Boué, «contamos com excelentes oportunidades de trabalho, participação e liderança. Um exemplo é que oito em cada 10 procuradores cubanos são mulheres».

No fechamento de 2016, 37% do total de ocupados da economia eram mulheres. Elas eram, também, 48% do total de ocupados no setor estatal civil e misto e 63% do total de técnicos e profissionais do país. «Aumentou de maneira progressiva sua participação no setor não estatal da economia», acrescentou Amarelle Boué em uma entrevista publicada neste jornal.

No setor da saúde conta-se com 78,5% de mulheres exercendo a Medicina; quase metade dos pesquisadores e cientistas são mulheres; e também, ocupam 66% da força de maior qualificação técnica e profissional do país que recebe também salário igual por trabalho igual em relação com os homens.

Por seu lado, a legislação contempla um conjunto de disposições, entre as que se concedem direitos especiais à mulher para a licença de maternidade e pré e pós-natal, bem como à mãe trabalhadora, que tem o privilegio de aleitar seu bebê todo o tempo que desejar.

Atualmente, as mulheres representam 53,2% de todos os deputados da Assembleia Nacional do Poder Popular; 33.5% do total dos delegados às Assembleias Municipais e 51% dos delegados às Provinciais. São presidentas de governo em 66 dos 168 municípios e em nove das 16 províncias do país.

DESAFIOS EM CUBA

Sem chegar ao horizonte, as cubanas do século 21 temos batalhas ainda por ganhar. Ainda quando muitos foram os resultados e a presença da mulher em Cuba será cada vez mais ativa e autêntica, têm que continuar sonhando.

Em espaços dedicados à igualdade de gênero, a não violência contra as mulheres e as meninas se debatem temas relacionados com os estereótipos que persistem perante uma sociedade ainda machista e patriarcal. O envelhecimento populacional também entra nas agendas, quando se fala de distribuição desigual de tarefas domésticas e cuidados no lar. Igualmente, continua-se trabalhando para diminuir as taxas de gravidez adolescente e a mortalidade materna, números baixos comparados com a região, mas que continuam sendo elevados para nossos indicadores.

Isabel Moya Richard, destacada jornalista e por muitos anos diretora da editora da Mulher, dizia em uma de suas últimas entrevistas que em Cuba os desafios da mulher eram muitos. «O primeiro, é que se pense que já conseguiram tudo. Quando olhamos as estatísticas e vemos a quantidade de mulheres que há no Parlamento, a quantidade de mulheres cientistas, de mulheres comunicadoras; e que mais de 70% dos procuradores são mulheres, etc., fabricamos uma ideia desfigurada da realidade.

«Conseguimos abrir espaços em profissões antes não consideradas femininas, agora estamos no momento mais complexo, de enfrentar a subjetividade, a cultura, os julgamentos de valor e os costumes; muito mais difíceis de mudar, ao se tratar de padrões assentes nos imaginários coletivos, nas representações sociais».

O caminho foi longo mas produtivo; e continuará sendo porque a meta continua sendo o horizonte. A Federação das Mulheres Cubanas completa 58 anos e isto só significa que este novo ano de vida continua cheio de desafios porque ainda resta muito por fazer.

(Granma)

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