O Ballet Espanhol de Cuba (BEC), dirigido por Eduardo Veitía, fecha hoje uma temporada na qual sobressai a estreia de uma coreografa sobre uma célebre peça do compositor francês Jules Massenet.
A bailarina e coreógrafa Leslie Ung inspirou-se na suíte de dança do Cid, que faz parte da ópera homônima do músico, para entretejer múltiplos elementos tradicionais da cultura ibérica.
Esta versão da obra consta de sete movimentos: Castelhana, Andaluza, Aragonesa, Alborada, Catalã, Madrilenha e Navarra, o último muito focado em mostrar todo, com o maior virtuosismo possível, ao estilo de uma grande coda de ballet.
Segundo a criadora, a peça não tenta oferecer um passeio pelo folclore da cada região, como parece sugerir o título da cada movimento, sina que foi concebida como uma sorte de estilização na que se combinam harmonicamente a escola bolera e o flamenco, com pinceladas da cada região.
O público pode apreciar o emprego dos atributos característicos como castanholas, leques, capas e mantones, que se alternam com as sapatilhas boleras e os sapatos de salto.
Resulta loable o esforço de Ung, a única bailarina com mais de uma década de carreira dentro do conjunto e sua notável vontade de exibir virtuosismo e de coreografar peças para o jovem e instável elenco do BEC.
A companhia, pese a ter 31 anos de fundada, não consegue na atualidade manter um elenco estável e se resiente pela escassez de artistas profissionais, a inclusão de estudantes nos espetáculos, sem apropriado nível técnico e um evidente desconhecimento dos matizes do folclore ibérico.
Por estes motivos, falham em mais de uma ocasião a sincronia dos corpos de dance e a fluidez, a tentativa de mostrar maneiras diferentes de mover-se -que não é sozinho demonstrável com a simples mudança de utensílios-, bem como o efeito de algumas sequências coreográficas.
Os dançarinos às vezes parecem dançar em câmera lenta e nem trabalhando a ritmo diminuído conseguem acoplar-se, ademais precisam um maior estudo da técnica de castanholas, esse genial instrumento de percussão com séculos de antiguidade.
O programa titulado A magia dos estilos presenteia variados títulos que procuram mostrar diferentes perfis e maneiras de dançar, e terá sua última apresentação esta tarde no Grande Teatro de Havana Alicia Alonso.
A função começa com Sonata e fandango, uma linda peça que pôs em mãos Veitía, em 1992, o segundo prêmio do primeiro Certamen de Coreografa de Dança Espanhola, de Madri.
Este maestro e diretor tem agora o grande repto de manter, com muito poucos recursos, uma companhia que teve um público e bailarinos memoráveis.
A juventude não é defeito, pois as estrelas do passado não eram pessoas maiores, só deve dar ao artista -profissional ou em ciernes- as ferramentas apropriadas, ensino e treinamento de rigor, como tem feito a escola cubana de ballet para poder renovar seus talentos a cada ano.
(PRENSA LATINA)