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De Portugal ao Caribe: com os cubanos no coração

portugal turismo caribeJOSÉ Manuel Antunes viaja há quase três décadas a Cuba. Mais do que as praias do Caribe, o português gosta do pessoal do Caribe. Particularmente, gosta do pessoal desta Ilha.

«Sol e mar também há em Portugal, Cancún ou República Dominicana, mas as pessoas de Cuba são especiais: cultas, solidárias, orgulhosas, agradáveis. Graças à Revolução, estão preparadas e a gente pode falar com elas de qualquer coisa», destaca o economista ao Granma Internacional.

Para o diretor-geral de Sonhando, um operador turístico especializado em organizar as viagens dos portugueses à Ilha Maior das Antilhas, «foi uma experiência boa, que começou por uma simpatia pessoal e terminou assessorando as visitas de um monte de pessoas».

De 1995 à data, a agência dirigida por Antunes transportou mais de 200 mil passageiros do país europeu a Cuba. Embora não apareça entre os cinco primeiros mercados emissores de turistas à Ilha (Alemanha, Reino Unido, França, Itália e Espanha) do Velho Continente, Portugal é dos de maior tradição.

De acordo com o empresário, os destinos turísticos cubanos preferidos pelos portugueses são Varadero e Jardines del Rey, aonde voam diretamente, e Havana, à qual viajam através de Madri, Amsterdã ou Paris. «Alguns vão a Cayo Largo e Holguín, mas não de forma em expressiva», assegura.

Como começou sua aproximação do turismo cubano?

«Depois de conhecer a sociedade antilhana, participei da compra que fez minha empresa de 40 vagas em um voo da linha aérea Cubana de Aviação, que começou a voar a Londres, em 1989. Dessa forma, conseguimos que essa rota se desviasse a Lisboa para trazer maior quantidade de turistas portugueses».
José Manuel Antunes expõe que Cuba é já o principal destino turístico do Caribe e seu maior tesouro é o povo. Photo: CORTESIA DO ENTREVISTADO

«Ao mesmo tempo, pudemos estar na inauguração do primeiro hotel ibérico que teve Cuba e montamos um escritório em Havana, em 1991».

«Já em 1994 vim de férias com minha família. Eu tinha então a ideia de preparar mais voos para cá, mas de Portugal, um país tão pequeno, aquilo era muito complicado».

«A partir do ano seguinte nossa presença na Ilha foi afirmando-se. Nos verões de 1995 e 1996 pudemos dominar o destino de Varadero. Chegamos a ser os de maior quantidade de clientes ali, porque nessa época acostumavam vir os canadenses».

Viu um avanço no setor turístico cubano nos últimos tempos?

«Houve uma evolução muito grande, principalmente quanto à capacidade de alojamento. Podemos falar de tempos em que havia só um hotel em Varadero, principal destino de sol e praia do país e hoje há mais de 50. Mudou totalmente o turismo».

«Antes, por exemplo, não existiam as ilhotas como destinos turísticos e começava a reconstrução da cidade de Havana, que se converteu em uma questão de notável importância cultural. Inclusive penso que daqui a alguns anos a capital estará ainda melhor. Isso me enche de alegria, porque é uma cidade da qual gosto muito».

«Igualmente, chama a atenção a rapidez com que se estão construindo as obras e o volume das mesmas. Sinceramente, é uma coisa transcendental».

Pensa que isso se deve a que, como muitos dizem, Cuba está na moda, ou a que Cuba tem potencialidades para crescer e manter-se como um importante destino turístico?

«Em minha opinião, Cuba é já o principal destino do Caribe e o maior tesouro é seu povo. Esta Ilha é diferente das do resto da região. A forma de falar e de entender-se dos cubanos é única. Também, contam com uma tradição cultural muito rica».

«Especialmente àqueles que pertencem a minha geração, essa das décadas de 1960 ou 1970, que viveram a epopeia de Fidel e Che Guevara, são donos de um sentimento romântico, revolucionário. Além das excelentes praias e notável infraestrutura hoteleira que tem o arquipélago, isso é o que muitas vezes incita a visitá-la».

«Em outro sentido, apesar da aproximação do mercado turístico dos Estados Unidos, impulsionado pelo restabelecimento das relações diplomáticas entre ambas as nações, Cuba não deve esquecer aqueles que foram seus mercados tradicionais nas últimas décadas».

«É uma forma de ser justo também com quem, inclusive com o bloqueio econômico, comercial e financeiro, continuou vindo a Cuba. Trata-se de países que, ainda sendo aliados políticos e militares dos Estados Unidos, rechaçaram a injusta medida do país do norte contra Cuba. Medida coercitiva que trouxe nefastas consequências para múltiplas empresas e indivíduos que consideraram, pelo mais elementar sentimento humano, que a Ilha merece seu apoio».

O que pensa da parte especializada do turismo cubano, daqueles com quem deve fazer negócios continuamente?

«Poderia ser muito melhor, mas reconheço que, com todos os problemas que tem Cuba, sobretudo causados pelo bloqueio norte-americano, faz o melhor que pode. Há muita amizade, solidariedade e vontade de fazer o bem, que é o mais importante».

(Granma)

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