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Estratégia energética em Cuba em 2017

paneles solaresSABENDO que o setor energético é um dos 12 priorizados para o investimento estrangeiro em Cuba, o semanário Granma Internacional aproxima-se das diretrizes pela quais se nor-teará estrategicamente a indústria petroleira, durante o ano que decorre.

Anteriormente, ficou bem claro que mais de 99% da produção petroleira da Ilha é localizada em uma zona entre Havana e Matanzas que, apesar de ter sido explorado por quase meio século, ainda possui reservas geológicas avaliadas, aproximadamente, em seis bilhões de barris.

Também é notícia que o arquipélago gera mais de 95% da sua eletricidade a partir do petróleo e seus derivados, e que a maior parte das zonas terrestres, de águas profundas e pouco profundas, tem perspectivas para a exploração petrolífera.

Por isso, apesar de que o desenvolvimento das fontes renováveis de energia se torna elemento determinante na substituição de importações, o petróleo continua definindo os destinos do ramo energético nacional.

Ora bem, que alternativas aparecem perante «as fortes limitações no fornecimento de combustível», reconhecidas pelo próprio vice-presidente do Conselho de Estado e ministro da Economia e Planejamento, Ricardo Cabrisas, em dezembro passado, na Assembleia Nacional do Poder Popular?

Então, seria preciso perguntar como o país procura opções para frear a tendência decrescente da produção de petróleo cubano, com o lógico esgotamento de áreas exploradas durante décadas e nas quais não têm surgido novas jazidas de petróleo desde princípios do século 21.

Por um lado, os resultados econômicos de 2016 e os planos traçados para o ano 2017 têm permitido prever crescimentos no fornecimento de eletricidade e gás. De acordo com Cabrisas, a partir da decisiva exigência no uso eficiente dos combustíveis e outros elementos geradores de energia, pode conseguir-se um aumento de quase 7% no consumo produtivo.

Por outro lado, prevê-se que em 2017 a produção nacional atinja os 3,5 milhões de toneladas (3.538.000 mil toneladas de petróleo e gás equivalente) volume que nos últimos anos se manteve em torno dos quatros milhões e que a geração de energia aumente 4,2%, relativamente ao ano 2016.

Igualmente, espera-se que consumo do setor residencial ou privado seja em torno de 5,8% e se mantenham estáveis os níveis de consumo de gás liquefeito, petróleo e querosene para a elaboração de alimentos.

No âmbito das energias renováveis, pensa-se gerar mais que em 2016, devido fundamentalmente à contribuição do bagaço da cana e o incremento da energia fotovoltaica.

A BIOMASSA E OUTRAS FONTES RENOVáVEIS

A mudança da matriz energética cubana, bem como a revitalização da indústria petroleira, dependerá e não em menor nível, da atração de capital estrangeiro a esse setor da energia na Ilha maior das Antilhas.

Por exemplo, chegar ao ano 2030 gerando 24% da eletricidade nacional mediante fontes renováveis de energia, quando hoje só se produz pouco mais de 4%, requererá da utilização em maior escala da biomassa.

Com o objetivo de aumentar a venda de eletricidade ao sistema elétrico nacional, a pasta de oportunidades de negócios em Cuba, correspondente ao período 2016-2017, inclui a possibilidade de investimento estrangeiro em 19 geradores elétricos, instalados em usinas açucareiras, para produzir energia, no primeiro semestre do ano, mediante o uso do bagaço e a biomassa florestal, e deixar de emitir à atmosfera, aproximadamente, 1,7 milhão de toneladas de dióxido de carbono.

Relativamente ao potencial eólico cubano, destaca a instalação de uma rede de 88 estações automáticas de medição dos parâmetros do vento, com altura de até 50 metros, em 32 zonas do país e outra rede de 12 estações meteorológicas, com medições de até 100 metros de altura.

A partir do vento, como recurso eólico disponível, segundo o pacote de negócios, a União Elétrica tem estudado o uso ótimo de 13 parques eólicos, o que evitará a emissão de mais de 900 mil toneladas de dióxido de carbono à atmosfera.

Igualmente, foi examinado o potencial de radiação solar registrado no país, e foram definidas as áreas onde serão construídos parques solares fotovoltaicos. Por outro lado, destaca que terão prioridade aqueles parques que possam ser instalados em sistemas elétricos isolados, em ilhotas turísticas.

A Ilha possui uma usina produtora de painéis solares fotovoltaicos, localizada na província de Pinar del Rio, que oferece a oportunidade de parcerias com entidades estrangeiras para o incremento da produção destes equipamentos.

Entretanto, a partir das represas existentes no arquipélago e da água disponível em canais e reservatórios de água, previu-se a construção de 74 pequenas usinas hidroelétricas, com o que se evitaria emitir à atmosfera 239 mil toneladas de dióxido de car-bono.

Para isso, existe a capacidade para a fabricação de turbinas hidráulicas e outros componentes e peças.

Da mesma forma, poderiam ser empregados na produção de energia limpa, importantes volumes de resíduos orgânicos gerados na Ilha através da produção suína, bovina e avícola e os resíduos da indústria alimentar e açucareira, o qual contribuiria para a eliminação da poluição da água.

Após fechar o ano 2016, o potencial de resíduos orgânicos ultrapassava os 490 mi-lhões de metros cúbicos, procedentes da pecuária, a indústria alimentar e os resíduos sólidos urbanos.

O PETRÓLEO PROCURA MAIOR EFICIÊNCIA

Os especialistas defendem que, ao ter o petróleo e o óleo combustível (o segundo produto mais consumido) um alto valor na produção nacional, conseguiu manter-se a estabilidade da rede, sim depender totalmente de recursos importados para a geração elétrica.

Embora em Cuba tenham sido descobertas dezenas de jazidas de petróleo, a maior parte deles tem sido de petróleo extrapesado. Se bem há também petróleo leve, médio e muito leve, segundo adverte o pacote de negócios, atualizado pela segunda vez, em 2016, «as jazidas localizam-se, fundamentalmente, no mar e pode acessar-se a elas a partir da terra, mediante perfuração horizontal, a que permite não só chegar ao petróleo contido na jazida, mas também, atingir maior produtividade».

Igualmente, outro objetivo é modernizar as capacidades de refinação existentes e elevar a qualidade do combustível produzido nacionalmente até padrões internacionais, a União Cuba-Petróleo (Cupet) está focalizada na procura de novas jazidas; maior recuperação das já exploradas; manter estável a produção de petróleo cubano e conseguir o desenvolvimento das reservas da Zona Econômica Exclusiva (ZEE), situada no Golfo do México.

Em termos de principais oportunidades de investimentos, o diretor adjunto da Cupet, Roberto Suárez, enumera os contratos de produção em parceria, em blocos no alto mar, em águas pouco profundas ou em terra, e os de produção melhorada ou de incremento de produção; o trabalho com jazidas não convencionais; a criação de infraestrutura petroleira; e impulso dos serviços técnicos e financeiros, bem como o fornecimento de recursos especializados.

Dentro dessas prioridades, atribui-se particular importância ao aumento das capacidades de armazenamento e de operações de fornecimento.

O especialista chama a atenção acerca do organismo de regulamenta essa atividade: o Gabinete Nacional dos Recursos Minerais. «Essa é a entidade estatal autorizada para qualificar os investidores que explorarão o petróleo no país», assevera Suárez, quem acrescenta que «cada contrato é aprovado e protegido por uma resolução governa-

mental».

Relativamente à refinação, é válido reiterar que Cuba possui quatro refinarias: uma na zona central, dedicada fundamentalmente à produção de asfalto de muita alta qualidade, a partir do petróleo nacional; uma em Cienfuegos, que é uma empresa mista, uma parceria entre a Cupet e a Petróleos da Venezuela, S.A., que está em meio de um processo de empreendimentos ainda não completado; e as de Santiago de Cuba e Havana.

A iniciativa, concretizada com uma das empresas líderes mundiais nessa atividade e com uma duração aproximada de 12 meses, é a maior de seu tipo realizada até hoje em Cuba e permitirá identificar e avaliar zonas com potencial para a exploração do petróleo.

Com a mesma rocha mãe, reservatórios e estudos da bacia petroleira do Golfo do México, particularmente a Zona Econômica Exclusiva (ZEE) mostra 20 planos capazes de produzir entre dez mil e vinte mil barris possíveis de extrair.

BUSCANDO NOVAS JAZIDAS

Em novembro passado, a assinatura de um contrato entre a Cupet e a empresa chinesa BGP, para a realização de uma campanha sísmica marinha 2D não exclusiva marcou o início de um projeto que faz parte do programa de desenvolvimento da indústria petroleira em Cuba e abrange a aquisição, processamento e interpretação de 25 mil quilômetros de linhas sísmicas de alta resolução, em áreas da ZEE, as zonas norte e centro oriental, bem como o sul do país.

A iniciativa, concretizada com uma das empresas líderes mundiais nessa atividade e uma duração aproximada de 12 meses, é a maior do seu tipo realizada até à data em Cuba e permitirá identificar e avaliar zonas com potencial para a exploração do petróleo e seus derivados.

Com a mesma rocha mãe, reservatórios e qualidade da bacia petrolífera do Golfo do México, particularmente a ZEE mostra 20 prospectos capazes de produzir entre dez mil e vinte mil barris possíveis de extrair.

CUPET TAMBÉM SE EMPENHA NA ZED MARIEL

Segundo Suárez, a Cupet tem importantes objetivos na Zona Especial de Desenvolvimento Mariel (ZEDM), e «está disposta a trabalhar com potenciais parceiros na realização de novos projetos».

Atualmente, indica o funcionário, «temos aprovado quatro importantes projetos para a ZEDM: a construção de uma usina de lubrificantes, com alta tecnologia; uma de asfalto sintético e de diluentes especiais; instala-ções para o armazenamento e fornecimento de gás; e um novo terminal de combustíveis, que deve servir tanto aos navios como aos clientes da zona». A esse respeito, acrescenta Suárez que as três primeiras ideias são empresas mistas, entretanto a última é um esforço próprio da Cupet.

(Granma)

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