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Uma promessa que multiplicou Cuba

medicos cubanos Timor LesteQUANDO Fidel Castro ofereceu apoio ao primeiro-ministro de Timor-Leste, Mari bim Amude Alkatiri e lhe prometeu que Cuba ajudaria incondicionalmente à formação de mil jovens timorenses, para torná-los profissionais da saúde que pudessem servir a seu próprio povo, dificilmente Isabel de Jesús Amaral considerava isso uma possibilidade real de se tornar doutora.

Não só o conseguiu, mas o fez sendo uma dos primeiros estudantes de Medicina graduados em Timor-Leste como país. Porque Isabel fez parte dos 54 integrantes da primeira promoção que graduava médicos formados totalmente na Faculdade de Medicina da Universidade Nacional desta nação do sudeste asiático, criada em 2015, por iniciativa da brigada médica cubana nesta terra e que seria representada por professores da Ilha maior das Antilhas.

Um ano antes, em 2004, 15 de nossos médicos chegavam pela primeira vez ao Timor-Leste, que enfrentava uma precária situação higiênico-sanitária e insuficiências na garantia dos serviços de saúde.

Era o primeiro dos frutos de uma relação que começou com as conversações entre o Comandante-em-chefe Fidel Castro e o então presidente da República Democrática de Timor-Leste, Xanana Gusmão, na 13ª Cúpula dos Países Não-Ali-nhados, de Kuala Lumpur, Malásia, em 2003, e onde começaram no só as rela-ções de amizade, mas também a colaboração médica entre ambas as nações.

Treze anos depois da chegada do primeiro colaborador cubano, a realidade timorense é totalmente diferente. Tanto o povo quanto seus governantes reconhecem que as brigadas médicas e educativas da Ilha influíram no desenvolvimento histórico e na transformação de uma nação nascida no século 21, depois de cinco séculos de colonização portuguesa e mais de 20 anos de anexação à Indo-nésia.

Não mais de 25 médicos permaneceram em Timor-Leste quando finalmente conseguiu sua independência. Nenhum, além disso, era formado nesta nação. Assim lembra este povo, assim o contam agora, ao semanário Granma Internacional, jovens timorenses como Herminio Noronha, quem abandonou a carreira de Química e se integrou ao grupo dos jovens que veio estudar Medicina em Cuba.

Noronha faz parte, agora, dos quase 900 doutores que pertencem à força médica do seu país. Durante dois anos, trabalhou em consultórios e policlínicas para ajudar no trabalho das necessidades assistenciais de saúde de sua nação, e «transformar, não só da cura, mas também ensinando e educando as pessoas, a situação sanitária que ainda provoca mortes por causas totalmente previsíveis».

Este tempo bastou, também, para saber que devia continuar estudando caso quiser, certamente, satisfazer as necessidades do país. Tal como a maioria dos seus companheiros, recebeu lições aqui até o quinto ano e viajou para completar sua carreia em seu país, na «faculdade de Medicina criada pelos cubanos». Agora, voltou a Cuba, junto a outros oito colegas para se formar como especialistas em anatomia humana.

«Somos os jovens os que vamos desenvolver, a partir da docência, o setor da saúde no futuro de Timor-Leste, que deve ser capaz de formar seus próprios médicos. Por isso voltamos, para crescer como profissionais, para poder ter um país melhor».

«De Cuba aprendi muitas coisas, sobretudo, o sentido do patriotismo, do que significa sentir o compromisso de ajudar o povo, de trabalhar para mudar a situação sem importar as condições», precisa No-ronha.

Ensinou-nos também, diz, o sistema de saúde cubano. «Aprendemos tratar do doente com respeito, carinho e não criar distâncias».

«A melhor forma de medir o impacto da colaboração cubana em Timor-Leste é através da mudança nos padrões de saúde da nação», apressa a fala Acácio de Jesús, quem se especializa em Fisiologia.

«Desde que começou este convenio, assinala, diminuíram consideravelmente as taxas de mortalidade infantil e materna». Os médicos graduados em Cuba estão distribuídos por quase todo o país, o qual contribui a melhorar importantes índices de saúde e ao aumento da esperança de vida.

«O povo timorense, que durante muitos anos não sentiu a presença de um doutor, adora os cubanos que chegam até os lugares mais afastados da geografia do país. Os médicos da Ilha maior das Anti-lhas procuram o doente e a comunidade agradece isso». Para Acácio, há algo que destaca na medicina cubana e é, justamente, o sentimento humano.

«Cuba nos acolheu», expressa gratamente Joaninha da Costa. Assim fez lá quando enviou seus médicos, fê-lo aqui quando chegaram para aprender a arte de curar pela primeira vez, e o faz agora que voltaram.

«Eu queria ser médico, para atender meu povo e Cuba me deu essa oportunidade», diz a jovem doutora que agora estuda Fisiologia.

Fala então, de uma história que alegam é a de muito dos seus colegas, a desses rapazes sem recursos que não esquecem que no outro lado do mundo puderam cumprir seus sonhos. Falam do projeto da Escola Latino-americana de Medicina (ELAM), onde «aprenderam a conhecer-se», entre eles e outros tantos futuros médicos de «países, culturas e ideologias diferentes».

Porém falam, sobretudo, de Fidel. «Graças ao Comandante-em-chefe e à Revolução Cubana, agora envergo uma bata branca», assevera Manuel Francisco da Costa, quem lembra que procede de uma família sem possibilidades de lhe pagar seus estudos de medicina. «Eu sou médico graças ao pensamento humanista de Cuba e de Fidel».

Para Grigório Belo os doutores timorenses também representam seu legado. Belo, estudante de segundo ano de Bioquímica acredita que esta ocasião de estudar em Cuba é como a oportunidade para «voltar a nosso país para continuar a obra ideada pelo líder da Revolução e começada pela brigada médica cubana».

Hoje Isabel de Jesús Amaral estuda em Cuba a especialidade de Embriologia Humana, na Faculdade das Ciências Médicas Victoria de Girón. Formou-se como médico no seu país, mas confessa que o fato de que quase a totalidade dos seus professores fossem cubanos, «com esse amor e paciência que os caracteriza», fez dela uma mulher diferente, «algo que nunca tinha sonhado»: uma doutora.

A Escola de Medicina em Timor-Leste que a partir do ano 2011 funcionou como a 13ª

Faculdade da Universidade Nacional, é uma instituição na qual hoje traba-lham aproximadamente 170 professores da Ilha Maior das Antilhas.

A maioria dos estudantes timorenses que começou a carreira de Medicina em nosso país voltou para seu país no quinto ano e se graduou na faculdade fundada pelos cubanos. Alguns deles aliviam a dor de muitos nas comunidades e instituições públicas dessa nação. Outros, como nossos entrevistados, instruem-se das ferramentas necessárias para assegurar a continuidade da primeira Escola de Medicina de Timor-Leste.

E, ainda mais, desejam, agora, com a certeza de que só deles depende que seja possível, que dessa escola nasça também, por que não? um projeto como a ELAM na região da Ásia, Pacífico.

(Granma)

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