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Cuba, ponto de encontro entre catolicismo e ortodoxia

papa-francisco-kiril1No dia 11 de fevereiro, a atenção de grande parte do mundo se dirigirá para Cuba, onde o papa Francisco e o patriarca ortodoxo russo, Cirilo I, terão um encontro considerado histórico.

“A Santa Sé e o Patriarcado de Moscou têm o prazer de anunciar que, por graça de Deus, Sua Santidade o papa Francisco e Sua Santidade o Patriarca Cirilo I de Moscou e toda Rússia, se encontrarão no próximo dia 12 de fevereiro”, anunciou recentemente um comunicado conjunto.

De acordo com esse texto, o encontro compreenderá uma conversa pessoal no aeroporto internacional José Martí, da capital cubana, na qual o Papa fará escala antes de sua viagem ao México e onde Cirilo I estará em visita oficial.

No documento, ambas instituições expressaram o desejo de que a primeira reunião da história entre estes líderes religiosos seja um sinal de esperança para todos os homens de boa vontade e convidaram os cristãos a rezar com fervor para que a reunião gere bons frutos.

Meios de imprensa internacionais indicam que tanto João Paulo II como seu sucessor, Bento XVI, mantiveram negociações para um encontro com os ortodoxos russos que não pôde ser levado a cabo.

Este último enviou uma mensagem de felicitações a Cirilo I por sua entronização como Patriarca de Moscou em 1 de fevereiro de 2009, no qual enfatizou a importância de continuar trabalhando pela comunhão entre os cristãos.

Três anos depois, com motivo de uma visita do Patriarca à Polônia, Bento XVI lhe transmitiu uma nova saudação e afirmou que esse acontecimento suscitava esperança para o futuro, ao apontar a uma possibilidade de aproximação entre a instituição de Moscou e a Santa Sé.

Mais recentemente, em fevereiro de 2015, o Patriarca agradeceu o Vaticano por ter uma “postura equilibrada” frente à crise entre a Rússia e a Ucrânia; e no meio do ano, Francisco indicou que a Igreja católica estava disposta a que a Páscua fosse festejada no mesmo dia por todos os cristãos.

MOMENTO TRANSCENDENTAL EM CUBA

Cuba se sente honrada de acolher o encontro dos primados das igrejas Católica e Ortodoxa Russa e brindará todas as facilidades para a realização deste encontro histórico, indicou o Ministério de Relações Exteriores da ilha depois de divulgada a notícia.

Depois de que o anúncio foi publicado, de Moscou e do Vaticano, bem como de outras partes do mundo, começaram os pronunciamentos sobre o grande significado da reunião e sua importância para o futuro do cristianismo.

Em coletiva de imprensa, o presidente do Departamento de Relações Eclesiásticas Exteriores do Patriarcado de Moscou, Metropolita Hilarion, adiantou que o tema central do encontro serão as perseguições contra os cristãos no Oriente Médio e na África, além de abordar os temas das relações bilaterais e da política internacional.

Apesar dos recentes obstáculos de caráter eclesiástico, foi tomada a decisão da reunião imediata entre Cirilo I e Francisco, apontou Hilarion, quem informou que concluirão com a assinatura de uma declaração conjunta.

O representante ortodoxo explicou que a eleição de Cuba como palco desse momento transcendental se deve a que o líder religioso russo não queria se reunir na Europa, pois esse continente está vinculado à grave história da separação e dos conflitos entre cristãos.

Por sua vez, o Bispo de Roma expressou em entrevista com o jornal italiano Corriere della Sera que passaram dois anos de negociações secretas entre Hilarion e bispos católicos, que se encarregaram dos preparativos.

De repente, uma ponte derrubada há mil anos se materializou, pronta para ser cruzado. Uma conciliação da cristianidade europeia, mas fora da Europa, para demonstrar que o centro de gravidade da Igreja atualmente está em outra parte, considerou o jornal.

Nesse sentido, Francisco indicou que o que devem construir são pontes, passo a passo, até chegar a darem a mão aos do outro lado. “Disse que queria ver e abraçar meus irmãos ortodoxos”, manifestou.

Por sua vez, a Presidência russa parabeniza o acontecimento e mostrou seu desejo de que a reunião decorra com sucesso. “Valorizamos altamente a pré-disposição de ambos guias religiosos a realizar esse encontro”, afirmou Dmitri Peskov, porta-voz do Kremlin, a meios locais de informação.

A Igreja Ortodoxa Copta, a mais numerosa religião cristã do Oriente Médio, também celebrou a reunião e apoiou qualquer diálogo dirigido a alcançar a unidade.

Para essas e outras vozes, o encontro entre Francisco, líder de 1,2 bilhões de católicos no mundo; e Cirilo I, patriarca de 165 milhões de ortodoxos, pode representar uma aproximação bem mais profunda e abrir o caminho para uma visita do Papa à Rússia.

Cuba, uma ilha que ambas personalidades já visitaram no passado – o Patriarca em três ocasiões prévias e o Sumo Pontífice em setembro de 2015 – será o espaço onde possa ser desenhada essa aspiração.

(Prensa Latina)

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