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Respaldo ao processo de paz para a Colômbia apesar de desacordos

farc-mesa29 (1)Em um momento crucial para os diálogos de paz prima hoje a expectativa interna na Colômbia em torno de possíveis avanços e a maneira em que prosseguirão os encontros entre o Governo e as FARC-EP.

Enquanto o Executivo e outras vozes do cenário político defendem fixar prazos às conversas com esse agrupamento insurgente, envolvida no conflito interno, outros atores e observadores do panorama nacional desaprovam tal ideia por considerá-la um estorvo para o avanço das negociações.

Essa iniciativa ganhou força desde a semana passada após a morte de 11 efetivos do exército no departamento de Cauca durante um confronto com membros das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia- Exército do Povo (FARC-EP).

O fato, qualificado pelo presidente Juan Manuel Santos como um ato deliberado, foi assumido pelos guerrilheiros, que asseguraram que se tratou de um episódio derivado do assédio militar a que estão submetidos, não obstante ter declarado uma trégua bélica desde o dia 20 de dezembro.

Existem prazos que já foram fixados, uma agenda com pontos a debater, as futuras mesas de diálogos devem ser centradas nos demais temas como a reparação às vítimas e o fim do conflito, opinou o senador Iván Cepeda, que manifestou seu repúdio a tal proposta.

Em sua opinião essa disjuntiva desviaria os diálogos para um aspecto não substancial, que se discutir provocaria maior demora nos ciclos de reuniões, os quais têm como sede permanente Havana.

O importante – disse – é avançar nos assuntos restantes e nos pendentes ou congelados, metaforicamente falando.

O coordenador do sistema das Nações Unidas (ONU) na Colômbia, Frabrizio Hoshchild, considerou que fixar prazos rígidos pode ser contraproducente.

É preciso dar o tempo necessário para as análises sobre as questões mais complexas, afirmou o diplomata que sugeriu decretar medidas conjuntas entre as partes beligerantes a fim de reduzir a intensidade da guerra e seus efeitos para as comunidades.

Não obstante a tensão após os acontecimentos do Cauca, as equipes governamentais e das FARC-EP ratificaram novamente sua disposição para prosseguir os diálogos, ao termo do ciclo 35 de encontros.

O presidente reiterou ontem sua decisão de continuar os gerenciamentos pacificadores mediante o diálogo com a insurgência como via para finalizar o prolongado conflito, único do continente.

Eu escolho a paz como porto de destino e assumo, como tenho assumido, os imensos riscos de buscá-la, insistiu em alusão a recentes questionamentos de setores que pediram para intensificar a ofensiva contra as FARC-EP e parar temporariamente as conversas na capital cubana.

O presidente da Conferência Episcopal da Colômbia, monsenhor Luis Augusto Castro, o prefeito bogotano, Gustavo Petro, ativistas e defensores de direitos humanos, convergiram na importância de preservar os diálogos e avançar para um pacto conclusivo que ponha ponto final à guerra interna.

Das montanhas, o máximo líder guerrilheiro Timoleón Jiménez, manifestou que as conversas não devem ser rompidas por nenhum motivo. Adicionalmente, o secretário geral da ONU, Ban Ki-moon, exortou ontem ao governante a perseverar nos diálogos para por fim ao conflito.

No meio de interrogações sobre o processo de distensão, o ministro do Interior, Juan Fernando Cristo, informou que no dia 25 de outubro, quando ocorrerão as eleições regionais, não terá referendo nem consulta para referendar os acordos da mesa de diálogos por razões de tempo e imprecisões de tipo jurídico.

Com posturas heterogêneas, inclusive divergentes, a opinião pública colombiana permanece atenta a pronunciamentos e aos próximos passos em Cuba, onde definirão posições acerca de assuntos controversos como a justiça de transição, que inclui penas para os responsáveis por crimes de lesa humanidade ou graves violações aos direitos humanos.

(Prensa Latina)

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