Cochabamba, Bolívia, 4 jun (Prensa Latina) A 42 Assembleia Geral da Organização de Estados Americanos (OEA) iniciará hoje suas sessões em um hotel desta cidade, algumas horas depois de sua inauguração, em meio a pedidos de reformas e refundação.
A primeira sessão plenária começará às 09:00 hora local e o acesso só será permitido a camêras de vídeo e fotógrafos, para as imagens oficiais.
Enquanto isso, no ambiente rondam as palavras pronunciadas ontem pelo presidente boliviano, Evo Morales, que pediu a refundação ou o desaparecimento do organismo continental.
Morales falou à plenária pouco depois do secretário geral da OEA, José Miguel Insulza, cuja posição esteve no pólo oposto ao do mandatário anfitrião.
Enquanto Insulza pedia respeito à organização e até ressaltou supostos benefícios para os países da América, o governante boliviano arremeteu contra a entidade e exigiu uma refundação ou seu desaparecimento.
Segundo o chefe de Estado boliviano, este é o melhor momento para a refundação da OEA, já não estamos em tempos de guerra fria e estamos na obrigação de mudar a OEA.
“A OEA só tem dois caminhos: renascer a serviço dos povos ou falecer a serviço do império”, advertiu Morales, quem foi muito aplaudido pelos assistentes ao campus da Universidade del Valle, sede da cerimônia inaugural.
O presidente boliviano fez referência também aos inícios da OEA, como um ministério de colônias dos Estados Unidos, com o lema “América para os americanos” e destacou que a “maioria das vezes serviu para invadir países, para apoiar às ditaduras, para reprimir movimentos sociais e combater o socialismo”.
“Em resumo, nasceu para garantir a economia dos Estados Unidos”, enfatizou Morales lembrando as agressões ao Panamá, República Dominicana e Cuba, entre muitos outros países.
Ao mesmo tempo, enfatizou que se a organização continental tivesse como prioridade a defesa dos povos, as ilhas Malvinas seriam argentinas e a Bolívia teria mar.
“Bolívia nasceu com mar em 1825 e jamais renunciará à volta ao mar com soberania”, ratificou.
Por outra parte, o mandatário anfitrião questionou o papel da Comissão Interamericana de Direitos Humanos e a considerou um instrumento de dominação e de submetimento a serviço dos Estados Unidos.
Morales exigiu a retirada das bases militares estadunidenses da América Latina e do Caribe, e pôs como exemplo a Bolívia: muito melhor depois de tiradas as bases daquele país de seu território.
Na jornada de hoje estão previstas várias coletivass de imprensa de chefes das delegações visitantes e a possível chegada do presidente equatoriano, Rafael Correa, cuja presença foi informada pelo chanceler do referido país, Ricardo Patiño.
Este chefe de diplomacia assegurou que Correa explicaria à plenária as razões pelas quais o Equador considera justa uma refundação do organismo continental.
As forças democráticas dos continentes americanos precisam se empenhar firmemente na refundação da OEA e impedir que o órgão seja daí para frente usurpado pelo imperialismo. Impõe-se que a OEA trabalhe no sentido do desenvolvimento econômico, social e político dos países integrantes, garantindo a justiça social, os direitos da cidadnia e sobretudo a soberania dos seus estados.